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Muitos dos recém-formados nos cursos de licenciatura já não sonham mais em ser professores, pois sabem que a chance de trabalharem muito, ganharem pouco e ainda não serem valorizados é muito grande.”Fiquei sem professor de matemática por 1 ano e 4 meses.”

Quem passou por essa situação foi Leila, aluna da rede pública de São Paulo. E ela não está sozinha: há anos, escuto relatos de estudantes de todo o país que passaram, ou ainda passam, pela mesma problemática que ela. Alguns por um mês, outros por dois, e já ouvi relato até de quem passou praticamente o ensino médio todo sem aula de alguma disciplina.


Essa lacuna tem um efeito devastador no aprendizado. No caso de Leila, fez com que perdesse totalmente a confiança, e ela optou por nem se inscrever nos vestibulares deste ano.

Já Jade, outra estudante da rede pública, lembra que quando estava no primeiro ano do ensino médio, sua professora de química se aposentou e não encontraram ninguém para substituí-la ao longo do ano. “Sentia que era uma escola meio abandonada pelo estado e me dava a sensação de que, se eu não saísse daquele lugar, não iria bem no Enem”, conta.

Dificuldade das escolas para encontrar substitutos


Por que isso acontece? Para entender um pouco mais sobre a problemática, falei com um diretor de um colégio público do Ceará e uma diretora do Rio de Janeiro.

Por muito tempo acreditei que o problema estivesse resumido ao seguinte: lacunas surgem quando determinado professor se aposenta, pede licença, precisa se afastar ou até mesmo começa a faltar com frequência, e, nesses casos, a gestão escolar pode encontrar certa ou muita dificuldade para cobrir os horários vagos com um novo profissional. Mas essa é apenas superfície.

As razões que fazem com que um professor se ausente são as mesmas que tornam difícil a substituição e escondem os verdadeiros problemas: o adoecimento do professor da rede pública brasileira, a desvalorização que esses profissionais sofrem, a falta de um plano nacional de carreira justo e a tendência das secretarias por relações de trabalho em que os docentes são temporários, e não efetivos.

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